quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vou Embora de Dubai...

Por Paulo Maia

“O Globo” chamou Itaboraí de “Dubai”,
De “Portal da Esperança” e “Eldorado”,
E a cidade virou um “entra e sai”.
“Entra” quem está hipnotizado,
“Sai” quem está desconfiado.

Todo mundo agora diz:
_“Temos pressa”,
_“Vamos nessa”,
_“Quem quer ser feliz”?

Como foi noticiado,
A nossa Dubai tem investimento imobiliário,
Tem emprego, progresso e alto salário,
Mas está incompleto o recado,
Porque falta educação, saúde, segurança,
E um bom político que nos dê esperança.

A mídia deixa o povo sugestionado,
Na dúvida ninguém fica parado,
Marcando bobeira, dando uma de otário.
E no bolo vem gente honesta e salafrário.

Parecem abelhas no mel,
Ou urubu na carniça,
E eu tenho que tirar o chapéu,
P’ra tamanha gana e cobiça.

Eu pergunto ao amigo:
O que é ser feliz na vida?
É ter fama, dinheiro,
Carro, status, guarida?

Se você discorda ou duvida,
Eu lhe digo faceiro:
Felicidade de fato,
A gente encontra no ato,

Na família, nos filhos, na amizade,
No amor, na gentileza...
Mas é só p’ra quem percebe a grandeza,
Num gesto de solidariedade.

É simples. É assim como um “pitico”
E ao mesmo tempo do tamanho do mundo,
A felicidade toca lá no fundo.
É um estado de espírito,
Uma plena satisfação.
Uma alegria incontida,
Que chega a ser doída,
Dentro do coração.

Na verdade Dubai é uma cidade distante,
E o Eldorado não existe.
Mas se você ainda insiste
Com este assunto irritante,
Eu digo: Dá um tempo,
Organize o seu pensamento.

Essa Dubai reportada,
É ilusão anunciada,
É madeira oca,
É fruta podre por dentro,
É miolo de pão bolorento.
Aqui a miséria não é pouca.


A minha cidade, que eu conheci,
E pela qual tenho apreço,
É aquela da Pedra Bonita,
A tradicional Itaboraí.

Berço de gente famosa,
Gente rica e talentosa,
Que viveu na época do Império.
Uma gente altaneira, com origem, pedigree,
E que trabalhava sério.

Joaquim Manoel de Macedo, João Caetano,
Salvador de Mendonça, Barão de Itapacorá...
Ah! Itapacorá!
Por falar nisso,
Partiu dos políticos esse compromisso:
Acolher o lixo de toda a vizinhança.
Mas fazer o que?
Político só faz lambança!

Vejam o que acontece quase em sigilo:
Itapacorá agora tem lixão!
É nossa Dubai em grande estilo.
Mas não é só isso não!

Sabem a Fonte do Bambu,
Lá em Pachecos?
Pois é, vai ter um presídio!
O povo recebe tantos chamegos...
Partiu dos políticos mais este subsídio.
São eles dizendo: Vão tomar no...

Outra coisa séria será a poluição,
Quando o COMPERJ começar a funcionar!
Partículas venenosas suspensas no ar.
Será algo incomensurável,
Ficará irrespirável,
Assim, tipo Cubatão.


Ah se o meu povo acordasse,
Se o meu povo se levantasse...
Mas o povo fica sempre por fora,
Como a casca do ovo.
Quem tem o poder é como a gema,
Está sempre por dentro,
Sempre no centro,
Resolve tudo na hora.

Ora, o que eu direi...
Para esses a vida não tem problema,
Estão sempre na “boca de cena”,
São os eternos amigos do Rei.

Para mudar é preciso força e coragem.
A pegada tem que ser fundamental.
Maracutaia, corrupção sacanagem,
Isso é pura politicagem,
É Coisa de bossal.

Mas chega de blá, blá, blá!
Vou embora de “Dubai”.
Aqui não tenho parente,
Não tenho mãe,
Não tenho pai.

Aqui sinto uma grande solidão,
Um grande vazio na alma.
Em “Dubai”, felicidade é pura ilusão,
Aqui perco o equilíbrio, perco a calma.

Nunca vi tanto engodo,
Tanta gente estranha,
Gente cheia de manha,
Tanto “alemão”, tanto “visigodo”.

Vou embora de “Dubai”!
Talvez você diga:
_”Já vai tarde, vai!
Se for por falta de adeus,
Boas falas,
Arrume as malas,
Vá procurar os seus”.

2 comentários:

  1. A educação, tanto publica quanto privada, na cidade deixa muito a desejar.
    Um exemplo tosco:
    Uma escola renomada de SG a mensalidade para ensino infantil gira em torno de R$120,00
    Em Itaboraí a mensalidade para educação infantil mais barata tá passando dos R$100,00!

    Por que isso? Se os professores daqui não são melhores ou piores que o da cidade vizinha?

    Coisas que permanecem sem explicação na cidade

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  2. Parabéns, Paulo Maia!
    Você disse o que eu gostaria de dizer, mas não tive a sua competência!
    Faço minhas, as sua palavras!
    Antonio Gomes Lacerda

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