quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Índice de reprovação em Itaboraí é um dos maiores do Rio de Janeiro!


Como forma de combater a reprovação sabe o que a secretária fez?

Encaminhou para as escolas uma resolução que determinava a APROVAÇÃO AUTOMÁTICA do aluno do primeiro ano para o segundo ano.

Sabe quando foi que eles encaminharam a determinação?

Na ULTIMA SEMANA DO ANO LETIVO das escolas.

RESULTADO:

Professores que já tinham fechado os diários todos e os relatórios (os relatórios são individuais, cada aluno tem um que é escrito em letra cursiva e informa no final se o aluno foi aprovado ou não), tiveram que REFAZER OS DIÁRIOS E TODOS OS RELATÓRIOS. A secretaria da escola que já tinha fechado as turmas para o ano de 2012, teve também que refazer as turmas, redistribuir professores.

PROBLEMAS ESPECÍFICOS:

Existem escolas em Itaboraí em que 3 turmas de primeiro ano (elementar e complementar) passaram por 4 professores, isso mesmo 4 PROFESSORES.

Como um aluno vai conseguir ser alfabetizado se não ocorreu um trabalho continuado com eles?

Cada professor tem um projeto de alfabetização que interrompido atrapalha tudo! Para piorar as pobres professoras que entraram em outubro, que vem de CAXIAS de MAGÉ, vem sendo perseguidas pela comunidade.

PROBLEMAS ESTRUTURAIS (SOCIAIS E DO SISTEMA ESCOLAR):

A lei veio para tapar o sol com a peneira, o índice de alunos  reprovado na primeira elementar realmente chegará a zero, em compensação, Itaboraí será conhecida com o maior índice de reprovação na primeira complementar!

Quer dizer a lei leva o problema para a outra série sem resolver de fato com o problema.

Não se fez estudo algum do porque da reprovação em série no primeiro ano!

O problema tem a ver tanto com o sistema escolar quanto a (des)estruturação social vigente!

Salas super lotadas será o primeiro problema a ser levantado, e concerteza, turmas de primeira com 28 alunos é complicado!

Falta de recursos como materiais lúdicos também, e a própria organização da sala de aula (devido a falta de recursos) transforma o ambiente escolar num lugar estéril, duro para a criança, no entanto o problema não é só esse!

Já faz algum tempo que os professores vem reclamando dos novos alunados, sua falta de interesse, compromisso, de respeito e de educação

Sabemos que a restruturação das famílias, principalmente dos pobres tem sido prejudicial para as crianças, e sabemos também como o índice de gravidez precoce em Itaboraí só tem aumentado (dados do professor Marcos da FIOCRUZ) piorando mais a situação!

Como afirma Bourdieu, o capital cultural é importantíssimo no desenvolvimento da criança na escola, quanto mais tempo os pais tenham passado na instituição escolar maior será o capital cultural passado para a crianças, quanto menos tempo, menor será o capital cultural "herdado". A entrada da "massa" na escola já tinha afetado o sistema de ensino, no entanto, hoje vemos uma nova massa adentrando o espaço escolar, fazendo com que o "racismo intelectual" se torne cada vez maior. 

Para haver educação escolar o aluno tem que estar predisposto a isso, isto é, já deveria vir com um sistema de dispositivos (habitus) propício a isso. A nova massa não tem nem o básico que tinha as outras gerações. São crianças de famílias matriarcais,  isto é as crianças só conhecem a mãe, e tais mães tiveram seus bebês muito cedo tendo que sair do sistema escolar ainda no ensino fundamental, para cuidar dos seus bebês e trabalhar. Além da pouca formação temos o problema que o tempo dedicado as crianças pelos pais que é reduzidíssimo.

O descrito acima por mais que seja muito específico da realidade uma escola, não difere de outras escolas e de outros municípios.


Texto enviado para a CEAI por um Professor da rede municipal de Itaboraí.

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