segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ENTENDAM A HISTÓRIA DAS VANS

A CEAI abre espaço para DAR VOZ AO POVO e aumentar a participação popular dos diferentes segmentos que compõem a nossa sociedade. Buscamos defender a DIVERSIDADE"Caros

"Companheiros do Blog, como cidadão Itaboraiense, leitor assíduo desta página e admirador do trabalho realizado por esta comunidade, venho demonstrar minha total indignação com a maneira com que se deu o processo de licitação do Transporte Alternativo em nosso Estado."

Abaixo, segue uma pequena série de artigos, com os quais tentarei esclarecer um pouco do que se passou."

1 - Transporte Alternativo - O Histórico

(um relato de um topiqueiro leitor de nosso BLOG)

Nos anos 90, e de forma mais intensa ao final da década passada, surgem na Região Metropolitana e no Grande Rio vans que circulavam de forma regular, mas de um modo completamente informal.

Com o decorrer do tempo e após vencer a desconfiança de grande parte da população, as linhas de Transporte Alternativo começam a ganhar vida e ter seu serviço prestado de maneira contínua. Determinados itinerários são estabelecidos e este tipo de serviço começa a deixar de ser esporádico e ganha contornos de algo cada vez mais permanente.

Aos poucos, as antigas Bestas e Topics (é daí que vem o nome topiqueiro) dão lugar a veículos mais modernos, mais confortáveis (apesar de alguns deles ainda serem pouco espaçosos) e mais velozes. Ocorre um verdadeiro boom de vans. Devido a carência de emprego em nosso Estado, a profissão “topiqueiro” passa a ser uma alternativa cada vez mais viável para muitos pais sustentarem suas famílias.

Devido a dificuldade em encontrar novo emprego, várias pessoas investem a indenização, que recebiam após serem demitidos de seus empregos, em longas e caras prestações de Vans, crendo que poderiam compensar com os ganhos obtidos com a prestação desse serviço. Com o crescimento do número de VANS surgem as primeiras Cooperativas, as quais deveriam funcionar como uma ferramenta de amparo a esses trabalhadores e como uma forma de uni-los num coletivo.

O surgimento dessas cooperativas era o prenúncio de um período que caminhava para a formalização do Transporte Alternativo.


2 - O Processo de Legalização

(um relato de um topiqueiro leitor de nosso BLOG)

Com o crescimento desordenado do número de Vans, e com o aumento de sua clientela, este serviço começa a incomodar e muito as empresas monopolistas de ônibus por todo o Rio de Janeiro, em nossa cidade a prejudicada é a TODA PODEROSA Empresa de ônibus que detém o monopólio em nossa cidade. Começa a atuar de forma efetiva então, um órgão não muito conhecido anteriormente, o DETRO ( Departamento de Transportes Rodoviários). Com o surgimento deste órgão, a fiscalização se estreita e passa a ser exigido um número de controle, o chamado (DETRO), o enfaixamento das VANS e, posteriormente a colocação de um CHIP (material caro, que hoje não tem nenhuma utilidade).

A fiscalização do DETRO, entretanto, mostra-se bastante desigual, sendo frequente verificado que os verdadeiros “dinossauros” chamados de ônibus passam ilesos por seus postos de fiscalização, enquanto a mais diminuta falta em uma van era punida com o mais severo rigor. Para se ter uma ideia, é comum vermos fiscais do DETRO trabalhando de domingo a domingo, sendo que seu horário normal de serviço é de segunda a sexta. Serão brilhantes profissionais dedicados ao extremo e que mal nenhum vêem em fazer uma simples hora-extra.

Cabe salientar, que o trabalho do DETRO, se realizado de maneira correta, é extremamente importante. Pois a exigência de alguns documentos, como o seguro de passageiros (isso mesmo, as vans tem seguros para seus passageiros) são fundamentais. Um trabalho em conjunto com a Polícia Rodoviária, se realizado seriamente, poderia evitar uma série de acidentes com veículos de transporte de passageiros, e inclua-se aí também os ônibus, evitaria uma série de acidentes causados por veículos em péssimo Estado de conservação. Entretanto, o DETRO mostrou-se como um elemento de coação as VANS e de fechar os olhos para os ônibus que frequentemente andam super lotados.


3 - Um processo de seleção sem critérios em Itaboraí

(um relato de um topiqueiro leitor de nosso BLOG)

Era nítida a melhoria que as Vans proporcionavam à população não só de nossa cidade, mas também de outros municípios. Por serem mais rápidas, encurtavam a distância de Itaboraí em relação a outros centros e ofereciam uma alternativa ao consumidor, antes refém do monopólio de ônibus. A empresa de ônibus monopolista prestava um péssimo serviço antes do surgimento das vans, e eram comuns relatos de pessoas que viajavam penduradas na porta de latas-velhas que os levavam até o trabalho. As viagens eram longas e muito mais desgastantes.

Em Itaboraí, as Vans incomodavam a toda poderosa empresa de ônibus pra valer. Esta pressiona e influencia o Poder Público Municipal de Itaboraí a criar um processo de seleção sem qualquer tipo de critério. Sem divulgação alguma, vans de algumas cooperativas recebem selos, uns da cor azul, outros da cor laranja, e carros de outras cooperativas são impedidos de circular por Itaboraí, além de entre os contemplados com o selo, ser estabelecido um rodízio, de forma que uns rodariam em dias pares e outros em dias ímpares.


4 - Lutas contra uma licitação excludente e pouco favorável aos trabalhadores do transporte alternativo

(um relato de um topiqueiro leitor de nosso BLOG)

Pra quem afirma que os topiqueiros foram covardes frente a um processo licitatório tão desfavorável, afirmo minha total discordância com este tipo de perspectiva e tentarei explicar o porquê disso nas linhas abaixo.

Antes, é necessário explicar o que seria uma licitação. A licitação funcionaria como uma espécie de regulamento para o funcionamento das vans, por um lado é importante porque determinaria a chancela do Estado em relação a este tipo de serviço, mas por outro lado, as regras foram estabelecidas de um modo que não favorecesse os trabalhadores do transporte alternativo. Algumas regras referentes ao itinerário, às paradas, aos pontos finais e aos preços das passagens parecem que foram planejadas para prejudicar e não dar continuidade a este tipo de serviço.

Foram vários os protestos feitos, porém a desunião de classe fazia com que alguns desses ficassem esvaziados. Enquanto alguns companheiros de trabalho estavam nas ruas protestando, outros aproveitavam o dia em que a concorrência era menor para trabalhar. Muitos afirmavam: “essa licitação não vai sair”; “isso é conversa pra boi dormir”. Somado a esta desunião existia uma desinformativa cobertura de imprensa, as entrevistas eram meticulosamente coletadas e só punham no ar o que desejavam. Protestos contra os moldes da licitação recebiam a seguinte cobertura: “vans piratas fazem protesto contra a legalização do serviço, ou “topiqueiros são contra a licitação que viria a regularizar o transporte alternativo”, quando na verdade ninguém era contrário a um processo de licitação. Imagine só se depois de anos e anos de perseguição, os trabalhadores seriam contra lago que lhes desse maior legitimidade?

Para finalizar este trecho, abordarei a questão da truculência do aparelho repressor estatal. As manifestações, principalmente durante o governo atual, não eram respeitadas e foram várias as ações repressivas realizadas pela polícia para combater as manifestações. A resposta dada pela polícia era sempre a mesma: “nós só reagimos”. Pode ter até existido ocasiões em que, devido aos ânimos exaltados, isso de fato tenha ocorrido, mas não que seja uma constante e sim uma exceção. Quem em sã consciência partiria deliberadamente para o choque com a polícia? Choviam balas de borracha, as quais eles afirmam ser do tamanho de uma bilha (pequena bola de gude), mas que na verdade, mas se assemelham a um bolotão! Chegaram ao ponto de implantar uma bomba de batata, muito bem montada, coisa de especialista, acho muito difícil que tenha sido montada por um bando de topiqueiros.

Os trabalhadores do transporte alternativo protestaram sim, mas pecaram pela falta de união e foram covardemente repreendidos pela polícia de um governo que se mostra pouco aberto ao diálogo e contrário ao trabalhador, além de uma imprensa que procura desinformar ao invés de informar.


5 - A Licitação

(um relato de um topiqueiro leitor de nosso BLOG)

No ano de 2008 teve início o certame que iria decidir quais trabalhadores seriam contemplados com a possibilidade de dar continuidade a seu trabalho, a seleção teve caráter eliminatório e foi formado por diversos critérios. Entre estes podem ser destacados: o nível de escolaridade (quanto maior, mais pontos), ano da van (quanto mais nova, mais pontos), certidão negativa em relação a multas (algo quase impossível de acontecer, devido a existência de uma verdadeira indústria das multas no Estado, industria essa que visava roubar o trabalhador e não diminuir mortes e acidentes como pode ser visto na reportagem do Extra online do dia 24/09/2009 neste link - CLIC AQUI ) , etc. E como grande vítima dessa indústria de multa estavam os pobres e perseguidos topiqueiros.

Os topiqueiros então escolhiam a sua “linha” entre as que permaneciam, já que grande parte delas foram simplesmente extintas e havia a oportunidade de escolha de mais de uma linha, sendo que uma dessas seria a de sua preferência. Ex: Alguém poderia escolher a linha Trevo da Reta- Alcântara, mas por achar que a concorrência seria muito grande, escolher uma segunda opção, algo muito semelhante ao que ocorre no vestibular.

Os vencedores da licitação seriam aqueles que conseguissem obter a melhor pontuação, eram selecionados e passariam a próxima etapa de exigências. Todavia, era muito comum que alguns obtivessem a mesma pontuação e assim sendo, teriam que passar por uma espécie de desempate. Pois bem, o futuro de pais de família era então decidido a base de "bolinhas de bingo"! Quem sabe se tiver outro não escolhem uma disputa de "purrinha"? Mas escolheram a bola de bingo e a competição se dava da seguinte maneira: A cada rodada era tirado uma sequência de bolinhas e quem tirasse o maior número seria o vencedor, e então o segundo, o terceiro, o quarto e assim sucessivamente? Errado! Outra rodada de tiradas de bolinhas era iniciada e outra tortura aos trabalhadores que viam em jogo o seu futuro, a cada rodada só saía um vencedor. Teve gente que chorou de emoção, teve gente que pulou, teve gente que gritou, mas também teve gente que saiu do local do sorteio completamente frustrado e aos prantos por não poder mais dar continuidade ao seu trabalho.

Terminada esta fase, teve início outra, esta só com os vencedores da anterior. Poderia muito bem ser chamada de fase do endividamento. Todas as multas deveriam ser pagas (e elas não são poucas devido a ação da industria da multa e coação do DETRO), pneus teriam que estar zerados, aparelho de GPS, a van teria que ser novamente enfaixada, etc. Ao todo, os gastos giravam próximo a uma faixa de seis mil reais, algo não muito confortável a pessoas que já pagam prestações da van que giram em torno de três mil reais. E tudo isso a custa do topiqueiro, o governo não gastou um centavo sequer! Tenho lá minhas dúvidas se não foram os topiqueiros que pagaram as bolinhas de bingo utilizadas no sorteio.

Assim foram jogados no olho da rua e sem nenhuma perspectiva milhares e milhares de pais de família, já que o número de vans reduziu-se em cerca de 80%.

E aos vencedores, o que a licitação oferecia? Bem, se a licitação for obedecida ao pé da letra, pode-se desde já ser decretado o fim das vans! Dentre as determinações destacarei algumas que minha memória permitir. Umas são boas, como o uso de uniforme pelos motorista, a obrigatoriedade do ar condicionado e não lembro de mais nenhuma determinação positiva... bem... tentarei lembrar delas enquanto termino de escrever este artigo.

Já as negativas são uma enxurrada, vamos a elas:

O preço da passagem: deve ser acrescido em dez por cento em relação a passagem do ônibus (ora, uma população pobre como a nossa não pode se dar ao luxo de pegar uma condução mais cara).

Os itinerários: De acordo com o edital de licitação, os motoristas só podem parar de ponto a ponto, não podendo pegar passageiros pelo meio do caminho.

O ponto final: São escolhidos pelo DETRO e na maioria das vezes não são localizados em locais que facilitem a vida dos topiqueiros (O ponto final das vans Venda das Pedras- Rio é na Leopoldina, e os que forem além deste ponto serão punidos por uma rigorosa fiscalização do DETRO e da TV Globo, que domingo passado flagrou motoristas que iam além do ponto final).

Alguns pontos podem ser considerados razoáveis.

A proibição de abatimento no preço das passagens: Ora, se a passagem fosse colocada em um preço justo, esta medida seria de grande valor, já que padronizaria o valor das passagens. Mas nos moldes atuais, acima do valor das passagens de ônibus, torna-se completamente inviável.

A obrigatoriedade de circulação de Domingo a Domingo: As vans tem de circular todo dia, algo justo, já que prestam um serviço à população, mas extremamente exaustivo já que o DETRO demora a resolver a regularização dos motoristas auxiliares. Sendo assim, um topiqueiro tem que trabalhar todo santo dia.

Ops.. achei outro negativo. A Van passa a servir única e exclusivamente para o trabalho. A instalação de aparelhos GPS controlarão isso e verificarão se o motorista saiu de seu itinerário, se saiu, terá q ue ligar para uma central de atendimento e justificar o porquê.

O que pode-se concluir de todo esse processo é que o Governo (como sempre) trabalha em prol do grandes empresários que exploram a nossa sofrida população de todas as formas (seja com baixos salários, monopólio das linhas de ônibus, dentre outros) e é totalmente contrária a grande massa populacional pobre e sofrida de nosso estado, pois condena os pobres a ficarem sem meios para sustentar as suas famílias.

4 comentários:

  1. Achei bem escrito o desabafo acima. Só que gostaria de dizer que tenho parentes na situação acima...Que eu implorei pessoalmente a "eles" que não votassem em Sergio Cabral um vez que Sergio Cabral NUNCA trabalhou em nada a não ser em politica, facto esse que o leva a desconhecer a realidade da vida...A Denise Frossard preterida dos itaborainse...Aqui só deu Sergio Cabral o lider do eixo do mal...Os topiqueiro achavam que Sergio Cabral era Deus deu no que deu...QUEM MANDOU NÃO VOTAR NA DENISE?

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  2. Haverá uma reunião dia 01/10 às 18,45 horas na OAB de Itaboraí do eixo do bem!...Participe, conheça...

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  3. Ganhei a licitação na linha Trevo da Reta Alcantara, e só posso chegar até manilha, agora o detro diz q foi um erro no edital mais que não vai consertar. O prefeito de Itaboraí tb proibiu a entrada das vans . Que vencedores somos nós. Antes da licitação pagava miha prestação em dia amanhã vence uma prestação e estou procurando, pagando advogado , vou ter q esperar para poder trabalhar. Rodei 2 meses trevo da reta alcantara e em uma segunda-feira sou parada pelo Detro informando q meu itinerário é só até manilha. È mole carro enfaixado com placa venda das pedras e fazendo manilha.

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  4. dia 18 de janeiro o Ministério Público vai ouvir o Delegado Sindical Wallace Bastos sobre as denuncias do Decreto (falsificado) de Cosme Salles.

    O primeiro Decreto, de 2006, foi publicado para "legalizar" a expulsão das vans de Itaboraí, porém Wallace descobriu a "tramoia" e entrou com nada menos do que tres processos em 2008 contra os decretos de Cosme Salles.

    Resultado: Ficou preso por sete meses acusdado de pertencer a uma Máfia de Vans!

    ACHO QUE VOLTAMOS A EPOCA DA DITADURA!

    Manda quem pode e obedece quem tem juízo.

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