terça-feira, 16 de outubro de 2012

A LUTA CONTRA UM CANSAÇO


Por: Gilciano  Meneses.

Acabo de saber o resultado das eleições de 2012 em Itaboraí. Ia dormir, pois estou cansado, mas optei em escrever. Na verdade escrevo porque estou cansado. Falo de uma sensação de desespero em ver que mais uma vez a população abriu mão de querer mudar. Percebo um cansaço que não é o meu sono, mas sim da maior parte da população de minha querida cidade que está adormecida há muito tempo.


Esse cansaço de ver a nossa cidade sendo mal administrada já é antigo. Em 1846 Joaquim Manuel de Macedo, Romancista Itaboraiense, demonstrou a mesma angústia que apresento nesse minha narrativa. Em sua crônica chamada São João de Itaboraí, publicada no Jornal Ostensor Brasileiro, ele dizia que: “Rico, saudável, alegre e cheio de proporções para ser grande, Itaboraí, todavia ou permanece estacionário, ou sem progresso e quase imperceptível: porque não progride ele?... É que no Brasil tudo quanto é aproveitável, grande, nobre e preciso se olvida e se despreza... Há só uma consideração, que pode tudo, que nunca se esquece, que dirige todas as nossas seções... o interesse próprio”. É desse maldito interesse próprio que se refere o meu cansaço.



Estou cansado de ver as ações inescrupulosas de candidatos que se prostituem para grandes empresários em busca de financiamento de campanha. Como diria o grupo de Rock chamado Titãs, “to cansado de coisa vulgar”. É isso, estou cansado dessa vulgaridade existente na política, sobretudo na minha cidade. Quanta coligação vulgar foi feita para se ganhar uma eleição. Entre tantas coligações toscas, quem iria acreditar que o PC do B faria campanha coligado ao partido do prefeito que deixou a nossa cidade um caos? Será que Sérgio Soares passou a ter simpatia pelo comunismo? Rs Penso que não, mas será que seria o início do comunismo sergista no PC do B em Itaboraí? rs Essa reflexão é uma ironia minha ou fruto da cobiça por coligações partidárias? Rs



Sobre a cultura política que Joaquim Manuel de Macedo criticava no Século XIX, afirmo que é a mesma que apresentou quatro candidatos em 2012. A diferença é que ela cresceu e nessa eleição até forasteiros surgiram, ambos sedentos pela arrecadação do COMPERJ. É a ideia de cercar por todos os lados.



Não vou torcer para que o candidato eleito faça uma má administração. Não farei isso, não faço parte do grupo dos amantes do interesse próprio. Contudo, pela forma que sua campanha foi construída e pelas práticas adotadas, já é possível arriscar o palpite de que tal candidato provavelmente não implementará uma mudança real no município.



Reconheço que embora estejamos em 2012, a angústia presente no meu cansaço é muito semelhante a que Joaquim Manuel de Macedo apresentou em 1846, porém algo mudou. Essa cultura política mesquinha e covarde não conseguiu dessa vez abocanhar todos os candidatos e partidos que disputaram as eleições.
Um candidato resistiu, melhor dizendo, uma candidata resistiu. Uma professora, integrante de um partido que não se permitiu ser corrompido pelos “atrativos” dessa cultura política. Essa professora é Lourdes Monteiro e esse partido é o PSOL.
Um partido que fez história na política de Itaboraí nessas eleições, por ter apresentado candidatos que não se submeteram a força perversa do interesse próprio. O Sol renasceu em nossa cidade. Tivemos alternativa.



Quero também mencionar que tão iludidos também foram aqueles que dessa vez votaram nulo e não quiseram reconhecer essa alternativa. Não perceberam que estavam compactuando com as forças políticas que tornaram nossa cidade um caos. Se entregaram, desistiram de acreditar. Foram indiferentes. Odeio os indiferentes, pois como dizia Antonio Gramsci: “a indiferença é o peso morto da História”. “viver significa tomar partido”. Assim quem votou nulo tendo alternativa abriu mão de fazer a diferença.



Pois é, o PSOL não desistiu. Atuou em uma campanha de forma limpa, mesmo sabendo que seria uma luta nos moldes de Davi e Golias. Não se permitiu receber financiamento de campanha de grandes empresários. Não pagou ninguém para atuar na campanha, pois interpretou esse contexto como uma luta em busca da formação de uma consciência. Defendeu sozinha a defesa da gestão democrática nas escolas. Por essas ações demonstrou ser o único partido que representa uma alternativa de verdade em Itaboraí.



Vou colocar a cabeça no travesseiro consciente que como integrante do PSOL e sobretudo como cidadão, eu fiz a minha parte. Cada ação realizada, uma mensagem foi passada, e o questionamento foi apresentado e desenvolvido. Assim como existe a continuidade dos amantes do interesse próprio, existem aqueles que assim como Joaquim Manuel de Macedo, denunciam, resistem e lutam contra a essa lógica perversa. Parabéns PSOL. Abraços

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